julho 12, 2008

A Redenção

O filme começa com uma voz off que reproduz o texto original da obra de Joseph Conrad, Lord Jim, escrita em 1899: "Para conhecer a idade da Terra, há que contemplar o mar durante uma tempestade. Mas ?que tempestade por revelar completamente o coração de um homem?". A partir daí é melhor esquecer o romance que dá nome ao filme. É impossível transformar em imagens o seu ritmo pausado, tórrido, indirecto, com o qual se desenrolam os elos complexos que traçam uma vida. Conrad penetra numa alma torturada. O filme, por seu lado, fica pela superfície nos actos que precipitam essa psicologia profunda. Partindo desta premissa, Lord Jim, o filme, convertesse numa fascinante história de aventuras, realizada, em 1965, por Richard Brooks. Esta narra-nos a história de um marinheiro capaz e honesto - o atormentado Peter O`Toole, que acabava de filmar o lendário Lawrence of Arabia - que se vê envolvido no S.S. Patna, um cargueiro oxidado que transporta centenas de muçulmanos de Java em peregrinação a Meca. Durante a jornada, no meio de uma tempestade, o barco roça um rochedo. O seu casco parece ceder e, num ataque de pânico, Jim e o resto da tripulação abandonam-no num bote salva-vidas. Ao chegar a terra, ao porto, encontram o S.S. Patna amarrado ao molhe. Então inicia-se a sua expiação. Em resultado, Jim desaparece no inferno dos molhes. O seu único desejo é poder ter uma segunda oportunidade. E encontra-a, sob um conjunto de casualidades que o levam a Patusán, um povoado da selva da Indonésia. A sua missão: libertar os nativos, escravizados por um senhor da guerra. Lord Jim reinvidica o direito de todo o homem a enganar-se a a endireitar a sua vida, redimir-se. O filme foi rodado em Hong Kong e no Cambodja, com a equipa a passar por momentos delicados: as embaixadas dos EUA e da Grâ-Bretanha em Phnom Pehn foram assaltadas. Começariam tempos obscuros. Batia um coração nas trevas que nem Conrad poderia imaginar.

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