fevereiro 12, 2008

Moleskine (7)

«Cheguei à penúltima ilha como à experiência de um réquiem. Quase de vela acesa, o medo por dentro dos motores do avião que, ao fim de alguns dias, conseguia não ser de novo cancelado (como devem entender este estrangulamento os habitantes da ilha). Lá do alto, ao fazer-se a Santa Cruz, vi de frente o Corvo. Redondo e torto, com as casas voltadas às Flores junto ao mar. Foi súbito e inchado, os olhos mal perceberam esse pouso que lhes pareceu inútil diante do ar. Um morro quase seco, negro e fulvo, com ares de lobo-da-alsácia, um posto recuado de coisa nenhuma, o último momento para mim da destemperada criação das ilhas, o lugar mais exposto da inargúcia portuguesa. Um ponto final
(João Miguel Fernandes Jorge, in Do Corvo a Santa Maria; Edições Relógio D`Água; 1993)

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

o Autor não é JMFJ, é JMM...

11:53  

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