Ilhas Aran: Uma Carta (3)
«Uma das raparigas-marujas que trabalha no Arann Flyer, e que me traz de vez em quando maços de cigarros que não há à venda aqui na ilha, é de Shannon, o que me faz contar-te uma história assustadora. Sob as águas do lago Shannon existiria uma cidade lendária que de sete em sete anos aparecia na segunda noite de lua cheia (ao completar esse ciclo); quem a visse, morreria (como acontecia também com quem ouvisse a música da harpa de Aiobhell, a fada de Craig Liath - o Rochedo Cinzento -, amante de Dubhlaing ua Artigan, que morreu na batalha de Clontarf, apesar do dom da invisibilidade que lhe foi emprestado por Aiobhell). «Há uns anos atrás, parece que um grupo estudou a fundo a natureza destes ciclos (é preciso contar com o tipo de calendário celta, em que o ano começa em Novembro e o Verão chega ao em Maio) e chegou à conclusão de que se iriam perfazer sete anos em determinada noite. Foram visitar Shannon nessa altura e nunca mais apareceram. Não sei se a história é verdadeira e podes dizer, daí, que as ilhas favorecem as alucinações, as visões e, obviamente, os enganos de alma. Também creio que isso é verdade, afinal. «De cada vez que vou a Dun Aonghasa ou me sento a uma mesa do American Bar sinto isso e acabo por não me importar: mistério a mais, mistério a menos ... Li um livro de versos de Katheryne Tynan que dizia exactamente a mesma coisa e um homem como Seamus Heaney, de que gostarás quando receberes o livro que o Arann Flyer leva hoje, não o desmente». (continua ...)
Passagem: Aran Islands
Etiquetas: Francisco José Viegas, Ilhas, Irlanda, Regiões: Irlanda: Aran Islands
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