outubro 12, 2007

Ilhas Aran: Uma Carta (2)

Carta Sobre a Grandeza das Ilhas de Synge e O`Flaherty (por Francisco José Viegas; Revista LER, nº 15, Verão de 1991)
(continuação): «(...) Também estive nesse lugar e chama-se Don Aonghasa (Dun Aengus), a oito quilómetros de Cill Ronáin - trata-se de um templo fortaleza em honra de Aengus, o deus do amor, filho de Dagda. Dizem que aparecia sempre acompanhado de pássaros (afinal como Cliona, amante de Ciabhan, uma espécie de deusa irlandesa da beleza e rainha das fadas do Munster, que tinha também sempre três pássaros a acompanhá-la). É um lugar misterioso e fica exactamente no lugar oposto à célebre rocha que assinala a fuga de Johm Dillon em direcção à América para escapar da polícia inglesa e ao local que se chama Sete Igrejas - recortado sobre o mar e em frente ao mar, vigiando as costas da Irlanda maior (Galway, afinal). «Mas das janelas do American supeita-se que o Arann Flyer, ao aproximar-se de Ross-An-Mhill e dos campos de turfeiras que só se esgotam junto de Salthill, já deve ter perdido todo o correio que leva, guardado em sacos de lona. Nos últimos dias os pequenos aviões não têm podido aterrar aqui, nem sobrevoar Inishere, a ilha ao lado. O farol da Oileán na Tuí, ultimamente, está mais ou menos coberto de neblina durante todo o dia e Mrs. Kavanagh (a minha anfitriã e hospedeira, na casa demasiado branca de que já te falei em cartas anteriores) não prevê melhorias por esta semana. Ela tem apenas quarenta anos mas lembra-se do tempo em que Inis Mór ficava isolada da Irlanda durante as semanas de temporal, invariavelmente em Janeiro.
«Synge, nos intervalos da escrita de Aran Islands, parava por aqui, nesta baía e seguia por um caminho que dá directamente para a colina de Daibhche, onde, dizem, estão sepultadps os corpos de duzentos santos, trazidos para aqui a fim de serem protegidos pelo futuro, mesmo depois da morte. Obviamente é uma repetição da ideia de que a Irlanda foi e provavelmente continua a ser uma espécie de refúgio da Europa, um lugar que constituiria uma reserva espiritual e uma ilha onde determinados valores, mistérios e relíquias estariam guardadas e entregues aaos cuidados dos druidas (ou de quem os substituiu), ao longo dos tempos.» (continua ...)
A Canção do Delirante Aengus (excerto) (W.B.Yeats, 1899)

«Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos/ Por tantas terras cheias de cavernas e colinas,/ Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi,/ E beijar seus lábios e segurar suas mãos;/ Caminharemos entre coloridas folhagens,/ E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo/ As prateadas maçãs da lua,/ As douradas maçãs do sol

Inish Mór, Aran Islands, Irlanda; Set.2006 (Photo by RC)

Passagem: Dun Aengus; Aran Islands; Aengus

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3 Comments:

Blogger Jumpseat said...

Querido Rui Cóias,

Olá!

Estive a pensar no seu comentário no meu blog e até “engendrei” uma resposta completa à sua questão...

...e depois vi que seria muito certa, estruturada, explicativa, demasiado extensa e não real.

Para ser honesta, serei simples.

A Vida é aquilo que fazemos dela.

O tempo, estica-se à medida que a vontade cresce dentro de nós.

É certo que quando voo, o tempo tem de ser bem gerido, como um bom empresário; mas mesmo aí, arranjo o que fazer e como fazer!

Tenho muitos projectos onde participo e ainda várias actividades paralelas à profissão! Os projectos que estão no blog são apenas os dois que mais necessitam de mais apoio, no momento. À medida que formos necessitando de ajuda, vou dando a conhecer todos os outros.
Para si que também gosta de viajar, pode ser que ainda queira vir connosco participar de algum! ;-)

Talvez sejam os 32 anos, as viagens à Ásia ou a aprendizagem de África que me dão a sensação de ser imortal... mas a verdade, é que tenho tempo para tudo, tudo, tudo, tudo! – tempo esse que ainda me dá para dormir, fazer nada e ser feliz! :)

Na minha perspectiva, todos os momentos são únicos e por isso, de aproveitar por inteiro.
E a Vida é tão rica nas suas formas de se mostrar, que basta estar disponível para os milagres acontecerem. Todos os dias.
Até o da multiplicação das horas! :)

Muito obrigado pelos seus comentários, sempre tão gentis e pelo seu blog fantástico!

Apareça sempre!

Beijinho!*
Ana

05:35  
Anonymous Anónimo said...

Querido Rui,

Entrar aqui é sempre uma viagem!

Muitos parabéns pelo blog tem aquilo que é necessário para nos pôr a sonhar.

beijos,

luísa cardoso

16:57  
Blogger Desiderata said...

Como tua nova "seguidora" gostaria de dizer que passar por aqui é sempre sinónimo de prazer e descoberta. Os teus posts transportam-me não só para outros lugares mas também para outros "sentir". Quanto ao gosto de viajar acho que só pode estar na massa do sangue... ;)
bjs!!

12:25  

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