agosto 14, 2008

Os Dias da América (4)

Basta atravessar um quarteirão e a cidade muda. Há uma fronteira visível. Por exemplo, a partir da Liberty Avenue para leste. A insegurança nota-se imediatamente. Andar a pé já não é muito agradável mesmo no centro da cidade, mas em certas zonas ou districts torna-se impraticável. Baltimore mudou muito nos últimos 20 anos. Há 20 anos parecia ainda a metrópole portuária do princípio do século XX. Ainda podemos ver resquícios desse tempo em muitos lugares. Mas o racismo não terminou com estes 20 anos. Manteve-se. O ambiente entre brancos e negros não é agradável, com os negros a serem arrastados para os ghettos em volta da cidade e os brancos a viverem nos bairros elegantes fora da cidade, em condomínios residenciais e zonas ajardinadas, como, por exemplo, em Columbia. Basta entrar no Light Train que liga o BWI Airport e Baltimore para notar a atmosfera é delicada. Os brancos sentam-se junto aos brancos, os negros, que são 95% dos passageiros, que saem ao longo das paragens dos arredores, aglomeram-se uns com os outros, falando ao telemóvel e ouvindo rap. A Baltimore Police persegue de helicópetro os marginais, e à noite a cidade é constantemente patrulhada do ar, com os faróis do helicópetro a incidirem no chão, e os carros patrulha nas ruas. Não, não é a Hill Street Blues ou o Heat, é simplesmente verdade. Em Baltimore a taxa de assassínios é de um por dia e a população segregada e marginalizada, maioritariamnete negra, cresce de dia para dia. Mas também é verdade que Baltimore é actualmente, segunda uma estatística recente, a segunda cidade mais violenta dos EUA, a seguir a Los Angeles.

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