agosto 25, 2008

Os Dias da América (7)

Os americanos têm muitos defeitos, todos os sabemos. A América também. É um país cheio de diferenças e desigualdades, e o Nebraska e o Dakota do Sul, por exemplo, pouco têm a ver com o Delaware ou o Maryland. Mas os americanos são profissionais. Naquilo que fazem sabem o que fazem e o que estão a fazer. O polícia, o porteiro de hotel, o funcionário de loja, do serviço pós venda, as informações telefónicas, os empregados da segurança social, todos eles sabem o que fazem e fazem-no com todo o profissionalismo. E exercem as suas actividades como se elas fossem cada uma, de per si, as mais importantes que existem. E quando alguém nos diz que uma coisa é assim ou funciona de certo modo, podemos ficar descansados porque de facto as coisas funcionarão dessa maneira. Qualquer prestador de serviços telefónicos que nos informe que devemos proceder de certa maneira ou que nos diga que o horário do transporte ou de abertura de um museu é um determinado, é nisso que podemos confiar. E quando nos dizem que mandam informação para casa ou via internet ou mail dentro de minutos, uma coisa é certa: dentro de minutos ela chega-nos sem mais, certa, completa, consistente e segura. Talvez seja esta uma das razões que faz da América um país que funciona. A aprendizagem da excelência. A excelência em tudo: no desporto e na música, na economia e na ciência, na literatura e no cinema. As escolas não cortam o ensino de disciplinas como a música e a ginástica. O ensino do desporto é parte integrante da aprendizagem e do crescimento. E as coisas são levadas a sério. Veja-se o que sucedeu nos Jogos Olímpicos.
E nós? Nós portugueses? Que fazemos nós? Que país é este onde nada funciona e tudo é a brincar, tudo hipotecado a um jogo menor de compadrios e pagas recíprocas? Alguma coisa funciona? Podemos confiar numa informação que nos é dada acerca de qualquer serviço que necessitamos? Cada vez mais inferiores, medíocres e menores, vamos tendo em tudo o lugar que merecemos, ou seja, nenhum. Enfim, pobre país de gente tão pobre ... e ao mesmo tempo crendo-se alguma coisa, quando na verdade é, passando o seu verniz e a vaidade pateta própria dos medíocres, nada.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito interessante a narrativa deste seu périplo por terras americanas. Sobre a crónica de hoje, suponho que a sociedade americana apresenta, além dos aspectos que destacou como positivos, outros bem menos agradáveis. Ainda assim, concordo em absoluto quando alude ao estado deprimente do nosso país. Vivo no interior (Portalegre) e sinto que estas regiões estão a morrer aos poucos, por inércia da sociedade civil e por falta de interresse e empenho dos sucessivos responsáveis governamentais. Se ainda dispomos de alguma qualidade de vida,sobretudo do ponto de vista ambiental, isso deve-se mais ao estado de atraso económico do que a um investimento concertado. O deserto cresce...

13:12  

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